Gás Carbônico em 2017

A Agência Internacional de Energia (IEA) atualizou os dados de emissão de gás carbônico em 2016 e apresentou novos números para 2017. Em seu relatório World Energy Balances 2019, a IEA mostra que o mundo ampliou em 10 quilos por pessoa as emissões em 2017, comparadas a 2016. Naquele ano, foram lançadas na atmosfera cerca de 4,37 toneladas de CO2, por cada habitante no planeta, totalizando 32,84 Gton. Estima-se que a Terra seja capaz de absorver entre duas e cinco gigatoneladas de gás carbônico, por ano, o correspondente a 670 quilos de CO2 por pessoa, no máximo.

OBS: A quantidade de CO2 referente à China inclui Hong Kong.

Os grandes poluidores estão todos relacionados entre os países produtores de petróleo e desenvolvidos do hemisfério norte, com taxas de emissão per capita acima da média mundial. Os países industrializados do norte pouco têm feito para reduzir suas emissões. Mas os ecologistas “nem-nem” – que não estudam, nem trabalham -, ao invés de cobrarem o cumprimento das metas mundiais de seus endinheirados e sujos financiadores, preferem atacar aqueles do hemisfério sul, que buscam melhorar a qualidade de vida de sua população e geram menos impactos ambientais.

Setembro

SETEMBRO chega perto do seu fim com o número de focos de queimadas abaixo da média histórica para o período. Como este mês é o pior para esse tipo de ocorrência ambiental, tudo indica que 2019 terminará o resto do ano com números dentro da normalidade histórica da região amazônica – média histórica até setembro de 147938 focos de queimada; 2019 com 142248. Os gritos estridentes da oposição derrotada em 2018, resumem-se à histeria de adolescentes mimados que se aproveitam de qualquer situação para matarem aulas. Crescem estúpidos e desinformados, para servirem de fantoches de adultos espertos que se aproveitam da situação para faturarem alto em seus negócios escusos.

28set2019

INPE. “Programa Queimadas”. Disponível na internet via http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal-static/estatisticas_paises/. Arquivo consultado em 2019.

Emissões de Gás Carbônico

A despeito da campanha mentirosa promovida por esquerdistas totalitários e imperialistas europeus contra o país, o Brasil é um dos países que menos emitem gás carbônico na atmosfera, 2,01 ton.CO2/capita. Está na 93ª posição entre os 143 países avaliados pela Agência Internacional de Energia, em 2016 – veja tabela compilada abaixo. Todos os países industrializados emitem mais CO2 que o Brasil. Os do G7 emitem mais poluição no ar do que o dobro das emissões dos brasileiros. Convém notar ainda que, dos 10 maiores emissores, cinco estão localizados no Oriente Médio, sendo o Qatar o país que emite 30,77 toneladas de CO2 por habitante.

O Conluio entre o Totalitarismo Esquerdista e o Imperialismo


UMA antiga prática indígena empregada desde antes do primeiro colonizador europeu pisar nas Américas, para abrir clareiras na floresta e preparar o solo para o plantio, quando aplicada em períodos de seca, provoca um grande número de queimadas no mato ressecado. Em 2019, esse fenômeno sazonal serviu de cortina de fumaça para que os esquerdistas doentios e corruPTos criassem uma campanha mundial contra o Brasil com a ajuda dos velhos países imperialistas, que desejam há séculos internacionalizar a Amazônia. A histeria estrangeira ignorou dados de diversos institutos de pesquisas que mostravam estar abaixo da média histórica as queimas detectadas no território brasileiro, apesar dos incêndios serem realmente alarmantes em outros países da região, como a Bolívia – governada por um bolivariano esquerdista.
Até o dia 23 de agosto, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os focos registrados estavam abaixo da média brasileira, enquanto na Bolívia os índices ultrapassavam a média daquele país para o mesmo período (ver Figuras 1 e 2).

Figura 1

Figura 2

Em outros continentes, como o africano, a situação é ainda pior, de acordo com informações da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) – veja Figura 3.

Figura 3

Na Ásia, região da Sibéria (Rússia), também houve um incêndio de grandes proporções que sequer recebeu atenção de nenhuma autoridade estrangeira (Figura 4).

Figura 4

O Mentiroso Francês
No entanto, apesar de todas informações corretas apontarem para uma normalidade no território brasileiro, um mentiroso covarde que, para infelicidade dos franceses, ocupa o posto de presidente na França, achou que a Amazônia lhe pertencia e propôs medidas internacionais contra o Brasil. De fato, a parte amazônica que cabe aos franceses remonta à vergonhosa época do colonialismo, quando os imperialistas europeus achavam que o mundo era uma herança de Adão a ser repartida entre eles.
Na Guiana Francesa, um projeto de mineração chamado Montagne D’Or (Montanha de Ouro), apoiado pelo mentiroso francês, pretendia desmatar mais de 1500 hectares de reserva florestal. O projeto predatório só não foi adiante, graças a uma campanha promovida pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
Em todo mundo, celebridades, “inocentes úteis”, fizeram coro aos esquerdistas doentios – derrotados nas eleições majoritárias brasileiras de 2018 – e ao mentiroso francês.
Em pleno século XXI, a confusa ideologia neo-marxista pós-moderna se uniu às velhas práticas imperialistas europeias, despertando o adormecido desejo já declarado de muitos estrangeiros pela internacionalização da Amazônia e exploração predatória de seus recursos naturais – como já fizeram o Reino Unido, os Estados Unidos e agora faz a Noruega, entre outros.

Referências Bibliográficas
BBC. “Mineradora norueguesa tinha ‘duto clandestino’ para lançar rejeitos em nascentes amazônicas”. Disponível na internet via https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43162472. Arquivo consultado em 2019.
EURONEWS. “Smoke from wildfires in Siberia ‘covers an area bigger than the EU'”. Disponível na internet via https://www.euronews.com/2019/08/14/smoke-from-wildfires-in-siberia-covers-an-area-bigger-than-the-eu. Arquivo consultado em 2019.
INPE. “Programa Queimadas”. Disponível na internet via http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal-static/estatisticas_paises/. Arquivo consultado em 2019.
NASA. “Fire Information for Recource Management System”. Disponível na internet via https://firms.modaps.eosdis.nasa.gov/map/. Arquivo consultado em 2019.
WWF. “VICTOIRE! ‘Le projet Montagne d’Or ne se fera pas ‘”. Disponível na internet via https://www.stopmontagnedor.com/. Arquivo consultado em 2019.

CO2 e Pegada Ambiental

ALGUNS dados atualizados até 2016 para ajudar a entender os interesses ideológicos de países poluidores que tentam impor seus critérios distorcidos a países menos poluidores.

Emissores de CO2, em 2016

Fonte: International Energy Agency <www.iea.org>

Pegada Ambiental, em 2016


Fonte: Global Footprint Network

3 minutos para Meia Noite

Texto sobre PolíticaAntes do governo comunista totalitário da Coreia do Norte realizar seu quinto teste nuclear – que chegou a causar um terremoto de 5.3 graus de intensidade, no noroeste do país -, o Boletim dos Cientistas Atômicos já havia alertado que o relógio do dia do “juízo final” marcava 23h e 57min, desde 2015. O que quer dizer que faltam apenas três minutos para a meia-noite da hecatombe nuclear. Ou seja, a probabilidade de uma catástrofe global acontecer é muito alta, também em 2016. As principais ameaças decorrem dos sucessivos testes nucleares da Coreia do Norte; dos custosos programas de modernização do armamento estadunidense; da falta de solução mundial para o efetivo ordenamento do descarte do lixo nuclear; além dos contínuos desafios provocados pela mudança climática.

Desde 1947, que o Boletim dos Cientistas Atômicos vem divulgando relatórios sobre os perigos que cercam a vida no planeta. Fundado em 1945, por cientistas da Universidade de Chicago que participaram do Projeto Manhattan, na fabricação do primeiro artefato nuclear, esse periódico vem alertando seus leitores sobre a vulnerabilidade da população mundial diante de um desastre com armas nucleares, mudanças climáticas e novas tecnologias que surgem em outros campos.

Bomba H

Acordos mal feitos podem ter consequências desastrosas. Bomba de Hidrogênio em explosão sobre o atol de Mururoa.

Em 1947, o Boletim pela primeira vez estimou que faltavam apenas sete minutos para meia-noite, como uma maneira de chamar atenção do público e líderes político mundiais sobre a gravidade dos perigos nucleares. Dois anos depois, em 1949, quando se anunciou a detonação da primeira bomba nuclear por parte da União Soviética – que inaugurou a corrida armamentista -, o relógio avançou a três minutos para a zero hora. Tal como na situação atual. O ano de 1953 marcou o momento mais tenso dessa medição, após os Estados Unidos e a União Soviética terem realizados seus primeiros testes com bombas de hidrogênio. Neste ano, ficou faltando apenas dois minutos para o “juízo final”.

A partir da década dos 1960, várias iniciativas para se evitar o início do confronto direto entre as chamadas potências nucleares foram tomadas, permitindo a política de distensão e o consequente atraso no relógio atômico. Com o fim da Guerra Fria, de 1991 em diante, o recuo pode ir a 17 minutos do fim, e durante a última década do século XX, não ultrapassou os nove minutos de 1998, quando Índia e Paquistão realizaram testes com seus respectivos arsenais nucleares.

O novo século trouxe novas preocupações com a possibilidade de terroristas promoverem ataques nucleares. Em 2002, o ponteiro avançou para sete minutos novamente e desde então os minutos têm passado lentamente, até chegar aos três minutos restantes em 2015 e 2016.

O principal desafio trazido pelo teste norte-coreano encontra-se na bem-sucedida redução do tamanho do dispositivo com capacidade de 10 kton (equivalente a 10 mil toneladas de trinitrotolueno, TNT), que pode ser montado em mísseis balísticos de médio alcance, bem como nos intercontinentais. A ditadura norte-coreana, ao mesmo tempo em que desenvolve seu arsenal atômico, vem reivindicando garantias efetivas contra ameaças nucleares recebidas de outros países, a fim de cessar seu programa nuclear. Um tratado com cinco países da região, mais os EUA, vem sendo discutido. A sugestão proposta tornaria as duas Coreias e o Japão zonas livres de armas nucleares, enquanto China, Rússia e EUA forneceriam segurança a esses estados contra agressões de quem possuísse armas atômicas.

Porém, com a proliferação do armamento nuclear na Coreia do Norte, a execução do acordo demandará, como complicador a mais, o desarmamento completo dos norte-coreanos posteriormente. Para fiscalizar o cumprimento dessa cláusula, um conselho regional de segurança ficaria a cargo de examinar as disputas locais, enquanto promoveria um acordo de não agressão regional. Além disso, um tratado de paz definitivo deverá substituir o mal fadado Armistício que suspendeu a Guerra da Coreia (1950-1953). Uma ajuda econômica aos norte-coreanos também está prevista, ao lado da permissão para o uso pacífico da energia nuclear. Com as ações desenvolvidas pela Coreia do Norte, tal acordo, que vem se arrastando desde 2009, parece distante. As fanfarronices do ditador norte-coreano devem ser consideradas mais a sério uma vez que se confirme a escalada de seu arsenal nuclear. Isto exigirá medidas mais realistas de seus vizinhos atômicos – China e Rússia -, que não podem ficar, agora, apenas assistindo o desenrolar de todos seus desmandos.

Fontes:

http://thebulletin.org/sites/default/files/2016%20doomsday%20clock%20statement%20-%20final%5B5%5D.pdf
http://thebulletin.org/node/9604?entry=9607
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/09/internacional/1473384714_686411.html

Mudanças Climáticas


Novo texto de Globalização trata acerca das Mudanças Climáticas no curso de Ética Prática.

Veja através da ligação abaixo:

Transformações

Alargamento de Barcelona feito por Cerdá

Vista aérea de bairro de Barcelona urbanizado por Ildefonso Cerdá Suñer (1815-1876). Fonte: Biblioteca Salvat de Grandes Temas.

Os estudos sobre a natureza e sociedade mudaram as concepções do mundo em volta e da maneira de viver dos agrupamentos humanos. Os conceitos variavam de acordo com o grau de entendimento obtido das pesquisas científicas e filosóficas. Ora a natureza era tida como algo perfeito e sublime a ser imitado e admirado, ora era vista como um universo imperfeito e ameaçador. A sociedade também teve suas diretrizes alteradas ao longo de sua história. Da participação irrestrita de poucos cidadãos livres nas decisões políticas para um maior número de eleitores interessados nos destinos da sociedade e com demandas crescentes de ampliação de seus direitos.
Uma cultura voraz consumidora dos recursos naturais disponíveis tomou abrangência global. Depois que os efeitos nocivos de sua indústria de transformação se tornaram nítidos, a preocupação com a sobrevivência no planeta passou ao centro das decisões políticas internacionais. Vários movimentos ecológicos surgiram no último século e os alertas de especialistas de diversos setores levaram à realização de inúmeros encontros internacionais voltados para avaliação das consequências dessas transformações. Mesmo correntes econômicas e políticas aversas à intervenção começam admitir a necessidade de se preparar para as mudanças climáticas acontecem com maior rapidez.
Alguns especialistas reunidos em torno do conservador Consenso de Copenhagen, promovido pelo economista Bjorg Lomborg em 2004, consideraram os custos de implementação das metas de emissões do Protocolo de Quioto muito dispendiosos. Melhor seria, na visão desses críticos, criar um fundo de pesquisa dedicado ao desenvolvimento de tecnologias para redução dos danos causados pelos gases poluentes[1]. Nesse ínterim, outras propostas polêmicas são especuladas por personalidades mistificadoras, como o físico e místico Fritjof Capra, autor de uma interpretação esotérica da teoria quântica (lançada no livro O Tao da Física, 1975), que agora se volta para questões da “alfabetização ecológica”.
Capra defende uma compreensão sistêmica e unificada da vida que integre as dimensões biológica, cognitiva e social, em todos os seus níveis, como uma teia interligada por redes complexas. para ser sustentável esse complexo deveria seguir cinco características básicas: interdependência, reciclagem, parceira, flexibilidade e diversidade. Esses seriam os cinco princípios ecológicos que levariam à sustentabilidade. Assim, “a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica, da nossa capacidade para entender esses princípios da ecologia e viver em conformidade com eles”[2].
A “alfabetização ecológica” sugere que seria possível extrair algum princípio de ação válido da mera integração da sociedade humana com as redes complexas que sustentam a vida no planeta. Esse argumento é obviamente falacioso pois do fato da natureza ser um sistema dinâmico que age de tal maneira, não significa que se deva agir da mesma forma. Não há nenhum valor intrínseco na natureza por ela mesma. Todo valor moral da exigência de se preservar as condições de vida no planeta reside no fato dele interessar a pessoas que dependem dela para poder existir. Sem a presença de um agente moral que lhe atribua um valor específico, nada mais possui valor por si mesmo.
O ineditismo do problema climático tem sido um campo fértil para especulações oportunistas. Por outro lado, as pesquisas avançadas das ciências da natureza e cognitivas ajudam a entender melhor as causas do comportamento predatório da espécie humana e da fonte de calor e poluição gerada pelas cidades. Do ponto de vista ecológico as crianças como todos os seres vivos procuram reter da natureza os recursos indispensáveis para sua sobrevivência momentânea e futura reprodução. Muitos dos fatores comportamentais são resultantes de estratégias evolutivas que foram adquiridas geneticamente devido à seleção natural. O que não significa que seja uma garantia de sucesso futuro. Cada organismo deve estar preparado para se adaptar às mudanças ocorridas no meio ambiente em sua geração.
De um modo geral, as sociedades bem sucedidas são aquelas que estimulam a cooperação entre seus membros e punem as deserções de modo eficaz. O movimento internacional das Cidades Educadoras, surgido em 1990, em Barcelona (Espanha), nesse sentido, visa portanto fazer das cidades um ambiente propicio para o desenvolvimento integro das pessoas. Entre outros compromissos importantes a Carta das Cidades Educadoras de 2004 estabelece que:

A cidade deverá garantir a qualidade de vida de todos os seus habitantes. Significa isto, um equilíbrio com o ambiente natural, o direito a um ambiente sadio, além do direito ao alojamento, ao trabalho, aos lazeres e aos transportes públicos, entre outros. Deverá promover ativamente a educação para a saúde e a participação de todos os seus habitantes nas boas práticas de desenvolvimento sustentável (Carta das Cidades Educadoras, princ. 11).

A história da humanidade privilegiou até agora os aglomerados urbanos como espaço efetivo das trocas comerciais e sociais. O sucesso aparente desta iniciativa produziu um excesso de demandas cujo custo ambiental se tornou uma sobrecarga para o planeta. A conscientização desse impacto e das propostas para minimizá-los são um bem público que movimentos como o Cidades Educadoras podem gerar aos países subdesenvolvidos que tentam se desenvolver de uma maneira insustentável que só leva a uma maior desigualdade, orientados por governos corruptos e demagógicos.

Ética do Cuidado

Muitas discussões em ética têm trazido à tona questões que abordam o cuidado que se deve ter com as ações tomadas hoje e que influirão na qualidade de vida das futuras gerações. Derek Parfit, filósofo britânico, destaca-se nesse cenário por abordar de forma precisa as consequências previsíveis de ações que possam afetar pessoas que ainda não nasceram. Seu livro Reasons and Persons (1984) tornou-se uma referência obrigatória para compreensão do conceito de pessoa e de racionalidades envolvidas deliberações morais.
Reasons and Persons traz pontos que foram tratados antes em artigos como “Future Generation: Further Problems” (1981), onde se discute, entre outros problemas, a avaliação de decisões políticas tomadas por um governo que afetarão a saúde e o bem estar das futuras gerações a longo prazo. Entre outros casos, analisa-se os resultados da implantação de uma usina nuclear, cujos defeitos ocorridos em sua construção atingirão as pessoas 200 anos depois. O foco da discussão é se o bem estar momentâneo e imediato de uma geração constitui uma razão que se sobrepõe aos prejuízos permanentes que serão impostos a pessoas que sequer existem. Um tipo de problema que envolve o conceito de pessoa e a preservação da natureza ao longo das gerações. O objetivo é saber se uma geração pode dispor dos bens materiais a seu alcance, sem se preocupar com quem virá depois a sofrer suas consequências: a consideração do direito de pessoas que ainda não nasceram por pessoas atuais[3].
Uma possível solução seria considerar todo princípio moral categoricamente válido para toda eternidade, como propunha Immanuel Kant (1724-1804), mais de dois séculos atrás[4]. Mas isso implica em pressupor uma capacidade racional perfeita que está além dos limites atuais da espécie. Ignorar os interesses das gerações futuras, por sua vez, resulta em desconsiderar os direitos das crianças atuais que não são consideradas como pessoas de posse plenamente formadas. O que diz respeito diretamente ao trabalho dos educadores que preparam as crianças para se tornarem cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.
Assim sendo, não restaria outra postura senão condenar as políticas imediatistas que tentam garantir apenas o bem estar de curto prazo e o direito de uma geração aproveitar integralmente dos recursos naturais existentes. Todas essas questões e outras que podem ser levantadas sobre a natureza e sociedade estão em constante transformação por sua vinculação aos sistemas dinâmicos que fazem parte. Cabe ao educador da infância estar atento e pronto para refletir sobre elas.

Notas

1. Ver COPENHAGEN CONSENSUS. “The Results”
2. CAPRA, F. “Alfabetização Ecológica”, in A Teia da Vida.
3. Ver PARFIT, D. “Future Generations: Further Problems”, pp. 113 e ss.
4. Ver KANT, I. Crítica da Razão Prática, I part, liv. I, cap. 1, §7, A54.

Referências Bibliográficas

CAPRA, F. A Teia da Vida. – São Paulo: Cultrix e Amana-key, 1997.
CARTA DAS CIDADES EDUCADORAS. – Gênova: Congresso Internacional das Cidades Educadoras, 2004.
COPENHAGEN CONSENSUS. Disponível na internet via http://www.copenhagenconsensus.com/CCC%20Home%20Page.aspx
KANT, I. Crítica da Razão Prática; trad. Artur Morão. – Lisboa: Edições 70, 1986.
PARFIT, D. “Future Generations: Further problems”, in Philosophy & Public Affairs, 11, nº2, 1981.

Conceitos de Ética Ambiental

Arthur Schopenhauer e seu cão Atma

Caricatura de Wilhelm Busch (1832-1908) sobre Arthur Schopenhauer (1788-1860) e seu cão Atma

Considerações sobre os costumes e hábitos humanos são tão antigas em filosofia como as investigações sobre a natureza. Foi a partir do ateniense Sócrates (470-399 a.C.) que se buscou uma argumentação sistemática para a ética tal como já vinha sendo esboçada na física e depois na metafísica. Ao longo do tempo, a ética foi ocupando o lugar central da filosofia, à medida que a física passou a ser campo de trabalho específico para os físicos e a metafísica perdeu-se na procura de definições sempre pendentes por falta de fundamentos últimos inalcançáveis.
Os estudos éticos foram gradualmente ampliados conforme cresciam os interesses humanos pelo melhor ordenamento de suas relações e a realização de seus objetivos mais elevados. Primeiro, tratou-se de conhecer a si mesmo, depois as pessoas de sua família, em seguida os amigos, mais tarde os vizinhos, os compatriotas e por fim toda humanidade passava a fazer parte das motivações morais de uma pessoa. Depois de Arthur Schopenhauer (1788-1860), os animais superiores também ganharam estatuto moral quando se encontrou um argumento pela compaixão que permitia a consideração do sofrimento dos animais.
A ética da compaixão sustentava a identificação dos interesses dos animais com os interesses do próprio sujeito que deve evitar a crueldade, como um mal. No momento que tal identificação fosse forte o suficiente para suprimir o egoísmo natural das ações humanas, surgiria a compaixão como sentimento que impede a aplicação do sofrimento ao outro. Para Schopenhauer, “essa compaixão sozinha é a base efetiva de toda a justiça livre e de toda a caridade genuína. Somente enquanto uma ação dela surgiu é que tem valor moral e toda ação que se produz por quaisquer outros motivos não tem nenhum”[1].
Tal formulação permitia o alargamento do ciclo de consideração ao outro, que é o cerne de todo o comportamento moral. O senso comum tende a confundir preceitos morais com as restrições religiosas ou uma lista arbitrária de proibições ou permissões consagradas pela tradição. Também se vincula erradamente a ética a comportamentos sexuais que dizem respeito apenas às preferências do indivíduo. Ao contrário disso tudo, a filosofia atual trata a moral a partir de questões relativas às ações humanas que envolvam os interesses dos outros. Nesse sentido, o que Schopenhauer fez foi encontrar um fundamento – a compaixão – que possibilitava a abordagem de temas até então difíceis para quem quisesse defender os direitos dos animais.
Isso explica também porque simples códigos de “ética” classistas não podem ser considerados moralmente válidos, enquanto permitam exclusões corporativas quando o direito de terceiros são prejudicados. A ética não pode ter seu fundamento restrito a uma profissão específica, a uma religião, ou espécie vivente qualquer. Para ter valor moral universal reconhecido, as ações éticas têm que levar em conta os interesses de todos os concernidos e não apenas a perspectiva relativista ou egoísta de um agente racional.
Ao lado da ética da compaixão de Schopenhauer, o utilitarismo de preferência defendido por autores contemporâneos, como o filósofo australiano Peter Singer, permitiu a inclusão dos direitos dos animais através da manifestação de suas preferências em suas ações e reações diante da busca por maior utilidade e menor dano. Os animais dotados de sistema nervoso complexo – incluindo os seres humanos – demonstrariam os mesmo interesses em evitar a dor e maximizar o prazer. Assim, toda ação humana que atingisse seres sencientes deveria ser considerada boa ou má, na medida em que contribuísse para aumentar o bem estar de todos os seres sencientes envolvidos e, por conseguinte, ajudasse a diminuir seus sofrimentos. No caso de conflito de interesses entre entes morais, a vida dos seres com maior grau de consciência deveria ter preferência em detrimento daquela que se encontra em nível inferior[2].
O cálculo das preferências, como o da felicidade no utilitarismo clássico[3], é um problema de difícil solução sob a ótica do balanço dos sentimentos. Entretanto, se as escolhas forem definidas sob o padrão contratualista, pode-se tomar as comparações viáveis ao se defrontar a lista de preferências racionalmente transitivas dos agentes em questão. Se alguém prefere “X” a “Y” e “Y” a “Z”, então sempre preferirá “X” a “Z”. Por outro lado, se dois “Z” equivalerem a “X”, o mesmo agente racional poderá preferir “2Z” a “Y”, na ausência de “X” e assim por diante. Destarte, as preferências podem ser comparadas e se fazer uma ponderação adequada com os pesos que lhe são conferidos.
Nestas circunstâncias, para as relações de troca existentes entre os agentes serem consideradas válidas, bastaria que o acordo resultante levasse em conta a tabela de preferências manifestas e seu devidos pesos intercambiáveis, a fim de que um equilíbrio fosse estabelecido nos ganhos obtidos por todos envolvidos. O contratualista, por fim, poderia tratar de preferências sem apelar para sentimentos subjetivos, mas considerando os valores objetivos observáveis por todos.
Para a ética ambiental, essas definições são importante posto que não só os interesses dos seres conscientes e sencientes estão em jogo, mas toda a diversidade da vida e os próprios recursos naturais que a mantém também precisam ser avaliados. Nesse sentido, trata-se de saber qual o peso que a preservação de uma determinada espécie terá na sobrevivência de outra. Além disso, o ecossistema que sustenta várias espécies depende do frágil equilíbrio do conjunto dos seres que o compõe. O que gera uma carga complexa de informações que tem de ser inserida no cálculo do valor moral da ação em termos ambientais com pretensões universalistas.

Ética Ambiental para Crianças

No ensino da ética para crianças na primeira infância, conforme o ponto de vista desenvolvimentista de Jean Piaget (1896-1980), não se pode abarcar os mesmos princípios formais que mais tarde os adultos podem discutir. Antes de atingir a competência linguística completa, aos 10 anos de idade, as crianças em geral manifestam compreensões morais diferenciadas. Segundo Howard Gardner, elas podem perceber o montante dos danos causados, embora não possam compreender as intenções de quem cometeu a ação[4]. Antes do domínio pleno da linguagem, a criança só pode constituir as noções básicas da ética que mais tarde serão melhor trabalhadas no enfrentamento das discussões éticas das quais tomará parte.
O psicólogo estadunidense Lawrence Kohlberg (1927-1987) foi quem primeiro procurou relacionar os estágios de desenvolvimento da consciência moral, sobre as premissas do processo cognitivo defendido por Piaget. A pesquisa de Kohlberg – apresentada em Essays on Moral Development (1981) – divide em seis estágios consecutivos, o progresso moral dos indivíduos. As duas primeiras etapas estão incluídas no nível pré-convencional, onde prevalece a perspectiva egocêntrica nas interações das crianças, que são dirigidas por uma autoridade externa, no primeiro estágio, e pelos próprios interesses, no segundo. A faixa etária desse período vai do quinto ao nono ano de vida, aproximadamente. Dos sete aos 12 anos de idade, são estabelecidas as relações convencionais e o dever passa a concorrer com as inclinações, no nível convencional. Já é possível a formação de papéis sociais, no terceiro estágio, quando a autoridade é interiorizada, passando a adotar a perspectiva coletiva do grupo, na etapa seguinte. Após os 10 anos e até os 15, consolida-se a posição autônoma do indivíduo diante da heteronomia. É o nível pós-convencional. Os conflitos são resolvidos com base nas perspectivas dos falantes e do mundo. No estágio cinco, a pessoa orienta-se por meio de princípios de justiça, enquanto, no sexto e último, seria possível apelar para fundamentação de normas e às regras de segunda ordem que examinam os princípios e o processo de formação de normas. A passagem por cada um desses níveis é entendida como um processo de aprendizagem do indivíduo.
O primeiro nível, chamado pré-convencional, abrange todo o primeiro ciclo fundamental -da primeira a quarta série. Dois estágios iniciais subdividem esse nível. No primeiro estágio, o castigo e a obediência orientam as ações da criança. O que esta entende por “direito” é a obediência irrestrita às regras e autoridade. Aqui, trata-se de evitar o castigo e o dano físico a pessoas e bens alheios. O ponto de vista egocêntrico prevalece nesta etapa e as ações são julgadas em termos de suas consequências físicas, não em função do respeito aos interesses dos outros.
No segundo estágio do nível pré-convencional, as relações de troca passam a fazer sentido. O “direito” já é entendido como seguir regras que sejam de interesse próprio e permitir que os outros também o façam. A troca justa é entendida como a transação mental para servir suas próprias necessidades em um cenário que se reconhece no outro os mesmos “direitos” a busca de seus respectivos interesses. Agora, a perspectiva individualista concreta é adotada. Já é possível separar seus objetivos dos outros. A interação entre pessoas nessa fase ocorre em função da necessidade instrumental – voltada para fins – dos serviços dos outros. Neste sentido, são admitidas as partilhas em termos de igualdade, onde cada pessoa recebe a mesma quantidade de recompensa. O primeiro nível é uma preparação para o estágio contratualista – orientado pela “regra de ouro”, de reciprocidade – que o sucede na fase convencional do desenvolvimento moral[5].
A ética ambiental que pode ser ministrada por profissionais dedicados à educação infantil deve então considerar essas particulares do desenvolvimento cognitivo e moral da criança. Mesmo que esteja imersa na perspectiva egoísta pré-contratual, é possível fazer prosperar a cooperação infantil no trato da natureza, desde que ela perceba a preservação do meio ambiente como parte de seus próprios interesses. Faz-se isso seguindo as sugestões feitas por Konrad Lorenz (1903-1989) de inserir a criança no contato com a natureza logo nos seus primeiros anos de vida.

Notas

1. Ver SCHOPENHAUER, A. Sobre o Fundamento da Moral, III, §16, p. 129.
2.Ver SINGER, P. Ética Prática, cap. 4, p. 117.
3.O utilitarismo clássico segue os princípios de felicidade expostos por seu fundador Jeremy Bentham (1748-1832) que visa ampliar ao máximo a felicidade aumentando o ganho de prazer e reduzindo ao mínimo a dor.
4.Ver GARDNER, H. O Verdadeiro, o Belo e o Bom, cap. 4, p. 80.
5.A teoria do desenvolvimento moral de Kohlberg tem uma descrição em português resumida na tradução de HABERMAS, J. Consciência Moral e Agir Comunicativo, cap. 4, pp. 152-155.

Referências Bibliográficas

GARDNER, H. O Verdadeiro, o Belo e o Bom; trad. Álvaro Cabral. – Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.
HABERMAS, J. Consciência Moral e Agir Comunicativo; trad. Guido A. De Almeida. – Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
LORENZ, K. A Demolição do Homem; trad. Horst Wertig. – São Paulo: Brasiliense, 1986.
SCHOPENHAUER, A. Sobre o Fundamento da Moral; trad. Mª L. Cacciola. – São Paulo: Martins Fontes, 1995.
SINGER, P. Ética Prática; trad. Jefferson L. Camargo. – São Paulo: Martins Fontes, 1993.