Mapas

Um bom mapa sempre se faz necessário para uma boa orientação. Sobretudo, quando se quer fazer uma viagem por lugares desconhecidos, a falta de informação pode ser questão de vida ou morte. Os mapas-múndi são a representação gráfica de uma visão de mundo partilhada por uma cultura durante uma determinada época. Nesse sentido, ilustram a perspectiva filosófica e os interesses dominantes. A relação entre mapas e riqueza foi captada por expressões cotidianas como “mapa da mina” ou “mapa do tesouro”. De fato, a posse de planisférios precisos sempre contribuiu para o enriquecimento de comerciantes, aventureiros, conquistadores e industriais em busca de mercadorias, territórios ou matéria prima para manufatura.
Os babilônios foram os mais antigos desenhistas de mapas que se tem notícia. Por volta de 2.300 a.C., eles já projetavam em tábuas de argila os primeiros traçados de áreas terrestres. Geógrafos gregos do terceiro século antes de Cristo admitiam a forma esférica da Terra. Nesse mesmo período, do outro lado do globo, os chineses usavam linhas paralelas de norte a sul e lesta a oeste. Seus mapas eram muito precisos, mas incompletos, como os ocidentais de então. Na Idade Média, os europeus restringiam o mundo conhecido a seu continente, Ásia e norte da África. Os árabes, desenhavam seus mapas-múndi com conceitos de latitude e longitudes bem definidos e incluíam o Oceano Índico e territórios ao sul do Equador, onde comercializavam.

Imagem: MERCATOR, G.Mapa Múndi; Fonte: Bloch Editores.

Na época das grandes navegações, as antigas cartas geográficas do tempo de Cláudio Ptolomeu (127-145) mostraram-se logo ineficazes e ultrapassadas. Convencidos, definitivamente, que a Terra era redonda, os primeiros modernos tiveram de encontrar um modo de representar no plano os pontos geográficos de um esfera. Nos séculos XIII e XIV, as cartas náuticas —representação de áreas marítimas— passaram a ser mais detalhadas, incorporando a Rosa dos Ventos para orientação de bússolas.
O geógrafo belga Gerhard Kremer (1512-1594), cujo apelido latino era Gerardus Mercator, inventou um método que consistia em simular a projeção da sombra da Terra num cilindro que a envolvesse perpendicularmente, tangenciando o equador. O método de Mercator permitia fazer a projeção do globo terrestre sobre uma superfície plana, auxiliando a criação de rotas retilíneas aos navegadores. Desenrolado o cilindro o mapa-múndi obtido apresentaria, no entanto, distorções cada vez maiores à medida que a distância fosse aumentando da linha do equador para os polos. Com isso, a Groenlândia e a Antártica apareciam maiores do que realmente eram na realidade. Mesmo sem poder representar fielmente os polos sul e norte, os mapas de Mercator eram utilizados pelos navegadores que evitavam esse rumo, e ainda hoje, a projeção por ele inventada é usada no desenho de mapas múndi.
 Os levantamentos topográficos científicos foram adotados a partir do século XVIII. Atualmente, fotografias aéreas e monitoramento por satélites fazem da ideias de globalização uma realidade visível a qualquer um que possua computadores ligados a rede mundial. As minas e os tesouros dos exploradores antigos estão ao acesso de um simples botão.